A ansiedade é um sinal de alerta,
que permite ao indivíduo ficar atento a um perigo
iminente e tomar as medidas necessárias para lidar com
a ameaça. Portanto é um sentimento útil.
Sem ela estaríamos vulneráveis aos perigos e ao
desconhecido. É algo que está presente no
desenvolvimento normal do ser humano, nas mudanças e
nas experiências novas e inéditas. A ansiedade
permite a um ator que estreará uma nova peça,
ensaiar o suficiente para ter maior segurança e, conseqüentemente,
menor ansiedade; ou então que um jovem se prepare
demoradamente e até com vários detalhes
irrelevantes para um encontro amoroso. Após algum
tempo, a preparação para o encontro com uma
antiga namorada se torna quase desnecessária, já
que não há mais ansiedade.
A ansiedade pode surgir repentinamente,
como no pânico, ou gradualmente, ao longo do tempo, que
pode variar de minutos a dias. A duração da
ansiedade pode variar de alguns segundos a anos e sua
intensidade pode variar do muito leve ao gravíssimo. A
ansiedade pode ser aumentada por um sentimento de vergonha: "Os
outros notaram que estou nervoso". Alguns ficam surpresos
ao notarem que os outros não perceberam sua ansiedade
ou não notaram a sua intensidade.
A ansiedade normal é uma sensação
difusa, desagradável, de apreensão, acompanhada
por várias sensações físicas: mal
estar epigástrico, aperto no tórax, palpitações,
sudorese excessiva, cefaléia, súbita necessidade
de evacuar, inquietação etc. Os padrões
individuais físicos de ansiedade variam amplamente.
Alguns indivíduos apresentam apenas sintomas
cardiovasculares, outros apenas sintomas gastrintestinais, há
aqueles que apresentam apenas sudorese excessiva. A sensação
de ansiedade pode ser dividida em dois componentes:
- a consciência de sensações físicas, e
- a consciência de estar nervoso ou amedrontado.
A ansiedade anormal ou patológica é
uma resposta inadequada a determinado estímulo, em
virtude de sua intensidade ou duração.
Diferentemente da ansiedade normal, a patológica
paralisa o indivíduo, traz prejuízo ao seu bem
estar e ao seu desempenho e não permite que ele se
prepare e enfrente as situações ameaçadoras.
A diferença entre medo e ansiedade é
questão teórica. Como citado anteriormente, a
ansiedade é uma sensação vaga e difusa
que nos leva a enfrentar com sucesso as situações
agradáveis ou não. Já o medo, que também
é uma reação normal, difere da ansiedade
porque é ligado a uma situação ou objeto
específico que apresenta perigo, real ou imaginário,
e nos leva a evitá-lo. Um exemplo é o medo de
assalto. Todos evitamos as situações que possam
nos deixar mais vulneráveis.
A fobia envolve uma ansiedade persistente,
intensa e irrealística, em resposta a uma situação
específica, como por exemplo altura. A pessoa fóbica
evita a situação que desencadeie a sua ansiedade
ou suporta-a com grande sofrimento. Entretanto, ela reconhece
que sua ansiedade é excessiva e consciente que tem um
problema. Uma fobia é caracterizada por:
- Medo excessivo, imensurável de um objeto ou situação;
- Comportamento de esquiva em relação ao objeto temido;
- Grande ansiedade antecipatória quando próximo do objeto em questão; e
- Ausência de sintomas ansiosos quando longe da situação fóbica.
Existem diversas teorias para o
aparecimento de uma fobia como a psicanalítica, a
comportamental, a existencial e a biológica.
Segundo as teorias psicanalíticas, a
fobia é um sinal para o ego de que um instinto inaceitável
está exigindo representação e descargas
conscientes (sintomas de ansiedade ou fobias). A ansiedade
desperta o ego para que tome medidas defensivas contra as
pressões interiores. Se a repressão não
for bem sucedida, outros mecanismos psicológicos de
defesa podem resultar em formação de sintomas.
Segundo as teorias comportamentais, a fobia é
uma resposta condicionada a estímulos ambientais específicos.
Uma pessoa pode aprender a ter uma resposta interna de
ansiedade após uma experiência negativa ou
imitando respostas ansiosas de seu meio social. A teoria
cognitiva da fobia sugere que padrões de pensamentos
incorretos, distorcidos, incapacitantes ou contra-producentes
acompanham ou precedem os comportamentos desadaptados. Os
pacientes que sofrem de fobia tendem a superestimar o grau e a
probabilidade de perigo em uma determinada situação
e a subestimar suas capacidades para lidar com ameaças
percebidas ao seu bem-estar físico ou psicológico.
De acordo com as teorias existenciais, as
pessoas ficam fóbicas ao se tornarem conscientes de um
profundo vazio em suas vidas. A ansiedade é a resposta
a este imenso vazio de existência e significado.
Pelas teorias biológicas, a fobia é
definida como uma função mental e essas teorias
criam hipóteses para sua representação
cerebral. Essas teorias são baseadas em medições
objetivas que comparam a função cerebral de
pessoas normais com indivíduos com fobias,
principalmente através do uso de medicamentos ansiolíticos
(tranqüilizantes). É possível que certas
pessoas sejam mais suscetíveis ao desenvolvimento de um
transtorno de ansiedade, com base em uma sensibilidade biológica.
Os três principais neurotransmissores associados às
fobias são a noradrenalida, o ácido
gama-aminobutírico (GABA) e a serotonina.
Os principais distúrbios de ansiedade
são: ansiedade generalizada, ansiedade induzida por
drogas ou problemas médicos, ataque de pânico,
distúrbio do pânico, distúrbios fóbicos
(agorafobia, fobia social, fobia generalizada etc.),
transtorno obsessivo-compulsivo.
O distúrbio de ansiedade
generalizada é a ansiedade e preocupação
excessiva, quase que diária, sobre uma série de
atividades ou eventos, e que dura 6 meses ou mais. A ansiedade
e a preocupação são intensas e de difícil
controle, desproporcionais à situação e
podem ser sobre as mais diversas questões como
dinheiro, saúde etc. Nesse distúrbio, pelo menos
três dos seguintes sintomas estão presentes:
inquietação, fatiga, dificuldade de concentração,
irritabilidade, tensão muscular e sono de má
qualidade. O tratamento é realizado com a a associação
de medicamentos (antidepressivos ou benzodiazepínicos)
e psicoterapia comportamental.
Neste distúrbio, a ansiedade é
decorrente de problemas médicos ou uso de drogas lícitas
ou ilícitas. As doenças que podem causar
ansiedade são: infecções cerebrais, doenças
do labirinto, distúrbios cardiovasculares (insuficiência
cardíaca, arritmias), distúrbios endócrinos
(hiper-atividade das glândulas tireóide ou
supra-renal) e distúrbios respiratórios (asma,
doença obstrutiva crônica do pulmão).
Entre as drogas que podem causar ansiedade têm-se: álcool,
cafeína, cocaína e diversas drogas
medicamentosas. A ansiedade também pode ser causada
quando se para de tomar determinados medicamentos ou drogas ilícitas.
Os principias disturbios fóbicos são
agorafogia, transtorno do estresse pós traumático,
fobia social, fobias específicas.
O termo "agorafobia" significa
medo de lugares abertos. Na prática clínica
designa medo de sair de casa ou de situações
onde o socorro imediato não é possível. O
termo, portanto, refere-se a um grupamento inter-relacionado e
freqüentemente sobreposto de fobias que abrangem o medo
de sair de casa, medo de entrar em lugares fechados (aviões,
elevadores, cinemas etc.) multidões, lugares públicos,
permanecer em uma fila, viajar de ônibus, trem ou automóvel,
de se distanciar de casa e de estar só em uma destas
situações. A agorafobia é uma complicação
freqüente no transtorno de pânico, onde todas as
situações temidas têm em comum o medo de
passar mal e não ter socorro fácil ou imediato.
A fobia social é o medo patológico
de comer, beber, tremer, enrubescer, falar, escrever, enfim,
de agir de forma ridícula na presença de outras
pessoas. Uma característica importante da fobia social é
a ansiedade antecipatória e o sofrimento durante a
exposição.
São fobias restritas a situações
altamente específicas, como determinados animais,
altura, trovão, escuro, espaços fechados, visão
de sangue ou medo de exposição a doenças
específicas. Apesar de a situação temida
ser limitada, a iminência ou o contato com ela pode
provocar um ataque de ansiedade aguda. Fobias específcias
surgem na infância e podem persistir por toda a vida se
permanecerem sem tratamento, como ocorre na maioria dos casos.
O tratamento indicado é a terapia comportamental, com
uso de técnicas como a dessensibilização
ou "flooding", associadas a técnicas de
relaxamento. Em alguns casos, o uso de benzodiazepínicos,
por período limitado, pode ser útil.
É um distúrbio de ansiedade
que se desenvolve em pessoas que experimentaram estresse físico
ou emocional de magnitude suficientemente traumática
para um ser humano comum.
As principais características deste
distúrbio são:
- a re-experiência do trauma através de sonhos e pensamentos em vigília ("flash back");
- torpor emocional para outras experiências relacionadas; e
- sintomas físicos de ansiedade, depressão e dificuldades cognitivas.
A ansiedade e depressão estão
comumente associadas e a ideação suicida pode
ocorrer. Como exemplo, há as experiências de
guerra, catástrofes naturais, estupro, acidentes sérios
etc. Fatores predisponentes, como traços de
personalidade ou presença de outros transtornos
mentais, podem facilitar o aparecimento do transtorno ou
agravar o seu curso, mas não são necessários
nem suficientes para explicar a sua ocorrência. O início
do quadro segue o trauma com um período de latência
que pode variar de poucas semanas a meses, raramente excedendo
a 6 meses. O curso é flutuante e a recuperação
ocorre na maioria dos casos. O tratamento com psicoterapia de
orientação psicanalítica, terapia
cognitiva e a associação a psicofármacos,
ansiolíticos ou antidepressivos, conforme a síndrome
predominante, parecem trazer bons resultados.
O Transtorno Obsessivo Compulsivo, ou
simplesmente TOC, é uma doença crônica
caracterizada pela presença involuntária e
intrusiva de obsessões e/ou compulsões. Obsessões
são pensamentos, sentimentos, idéias, impulsos
ou representações mentais vividos como intrusos
e sem significado particular para o indivíduo. As
obsessões mais comuns são as de limpeza e
contaminação (por sujeira e doenças),
verificação, escrupulosidade (moralidade),
religiosas e sexuais.
Dr. Antonio Egidio Nardi
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