Consumo de alimentos doces triplicou no mundo nos últimos 50 anos.
Ingestão excessiva está ligada a diabetes, câncer e doenças cardíacas.
O consumo de açúcar pode ser tão prejudicial quanto o abuso de álcool e cigarro, segundo artigo publicado por médicos na revista científica “Nature” nesta quarta-feira (1º). Isso porque a ingestão excessiva de sacarose e frutose, que triplicou no mundo nos últimos 50 anos, está ligada ao surgimento de doenças crônicas não-contagiosas, como diabetes, câncer e problemas cardíacos.
Em setembro do ano passado, a Organização das Nações Unidas (ONU)
declarou que, pela primeira vez na história, as doenças crônicas
não-transmissíveis representam um ônus maior para a saúde pública
mundial que as doenças infecciosas.
Esses males já são responsáveis pela morte de 35 milhões de pessoas por
ano, segundo as Nações Unidas – 80% em países pobres ou em
desenvolvimento, onde refrigerantes são muitas vezes mais baratos que
água potável ou leite.
Em geral, o álcool e o cigarro são regulados pelos governos como forma
de proteger a saúde da população, mas não há controle sobre a
alimentação. Segundo os autores do artigo, Robert Lustig, Laura Schmidt e
Claire Brindis, a regulação das autoridades deveria incluir o aumento
de impostos sobre produtos industrializados acrescidos de açúcar (como
refrigerantes, sucos, achocolatados e cereais), a limitação de vendas no
horário escolar e em ambientes de trabalho e a imposição de limites de
idade para a compra.
Mas essas regras são mais complicadas, de acordo com os pesquisadores,
pois os alimentos são considerados bens essenciais, ao contrário do
álcool e do tabaco.
Atualmente, há no planeta 30% mais indivíduos obesos que desnutridos,
de acordo com os médicos. E a dieta ocidental, com muitos alimentos
processados, tem contribuído para essas crescentes taxas. Apenas 20% dos
obesos têm um metabolismo e uma vida normais – os demais sofrem com
problemas como hipertensão, diabetes, apneia do sono, gordura no fígado e
disfunções ortopédicas ou articulares.
As autoridades de saúde costumam considerar o açúcar como "calorias
vazias", mas evidências científicas mostram que sacarose e frutose
demais podem desengatilhar processos tóxicos no fígado ou reações
capazes de causar uma série de doenças crônicas.
Controle do açúcar pelo mundo
Segundo os autores do artigo na "Nature", EUA e Europa ainda veem a gordura e o sal como os grandes vilões da alimentação, mas a atenção deve começar a se voltar para os produtos com adição de açúcar (moléculas de frutose acrecidas em comidas processadas).
Segundo os autores do artigo na "Nature", EUA e Europa ainda veem a gordura e o sal como os grandes vilões da alimentação, mas a atenção deve começar a se voltar para os produtos com adição de açúcar (moléculas de frutose acrecidas em comidas processadas).
Em outubro do ano passado, a Dinamarca optou por taxar alimentos ricos
em gordura saturada, apesar de a maioria dos médicos não acreditar mais
que essa substância seja a principal culpada pela obesidade. Agora, o
país considera tributar os doces.
Outras nações europeias e o Canadá tentam impor pequenos impostos sobre
alimentos adoçados. E os EUA já consideram taxar o refrigerante – um
cidadão americano consome em média 216 litros por ano, dos quais 58%
contêm açúcar.
A cidade de São Francisco, na Califórnia, proibiu recentemente a
inclusão de brinquedos oferecidos em refeições fast-food. Outro limite
possível para proteger as crianças seria proibir comerciais sobre
produtos com adição de açúcar, destacaram os autores.
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